24 de mar. de 2010

EXPERIENCIA ESTÉTICA E FORMAÇÃO CULTURAL: REDESCUTINDO O PAPEL DA CIDADE E DE SEUS EQUIPAMENTOS CULTURAIS







Adquirir novas sensações, ver outras imagens, sentir outros sabores, ruídos e sons diversos, visitar outra cidade, tudo isso, amplia experiências emocionais, culturais, estéticas e imagéticas importantes para o desenvolvimento e aprendizagem, sendo assim construindo e reconstruindo novas relações com o mundo, possibilitando vários caminhos a própria historia.

A FORMAÇÃO CULTURAL DOS SUJEITOS

Como definição de Aranha (1993) a cultura se faz em tudo que o homem produz ao construir sua existência, sua própria história. A Cultura como um conjunto de símbolos de um determinado povo, tempo e lugar. Sendo assim, na medida em que o homem estabelece símbolos, em sua infinita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos tornam-se diversas e amplas.
Nessa linguagem simbólica que as experiências transcendem tornando-se ação na formação cultural dos sujeitos, ou seja, toda apropriação das diversas linguagens culturais: arte, literatura, folclore. Arquitetura, artesanato, entre outras. Possibilitando a construção de conhecimentos através do artístico- cultural estética e poética da Arte e expressões literárias, visuais, teatrais, musicais ou corporais presentes no mundo atual e ao longo da história humana.
A possibilidade de nos defrontarmos com o objeto de cultura ou da natureza, em um olhar pessoal, autônomo e critico, vivendo intensamente o que estamos vendo e ouvindo a partir de nossas emoções, memórias, atenção e desatenção, tensão e distensão, sensações que existem dentro de nós, fazendo com que a expressão cultural ou a natureza se expanda dentro de cada um, permanecendo e afetando-nos diversificamente.
A partir da defesa da formação, seja qual for, como direito de todo cidadão, baseando-se na democratização da sociedade, sendo destacado o conhecimento histórico em que todos pertencem e leva consigo, sendo assim, concretizando a idéia de que o ser, agir e expressar de um grupo devem ser apreendido.
Conforme em que não há uma única forma de compreensão do mundo, a diversidade de sons, movimentos e olhares torna-se importante para a ampliação de possibilidades diante dos sentidos e construção de significados.
O ser humano deixa marcas de sua humanidade a partir de seu relacionamento com a natureza, na transformação e naquilo em que dá um significado de forma a expressar-se diante do seu mundo. Sendo assim, o que nos torna humanos é a medida em que somos capazes de dar significação, produzir cultura, expressando-nos autonomamente nas várias linguagens. Somos sujeitos culturais produzidos por e produtores de cultura.
Diante da compreensão da cultura faz-se necessário perguntar-se de que forma nos apropriamos dessa tal cultura. A partir de uma análise de Costa (2000) a relação direta com o objeto buscavam reconstruir visto e vivido. Uma visão de linguagem naturalista e transparente a qual não interferia na produção do conhecimento. Através dessa dimensão naturalista da linguagem, críticos diferenciavam como um meio transparente que somente capta coisas do mundo, mas também conformando o próprio mundo.
Lima (2000) destaca que as imagens, as quais adentramos olhares, interferem no nosso processo de aproximação da realidade e variaram no tempo, já que somos sujeitos processados por datas. Sendo assim, busca defender a necessidade de um olhar que indaga e se esquive de interpretações totalizantes. Destacando a importância do estranhamento para não cair no processo de falta de vontade própria, a qual neutraliza diferenças culturais, apagando conflitos e tensões. A cultura nas pesquisas de Lima é através da percepção da cultura constituída pelo e para a constituidora o homem.
Através disso, numa análise de Demo (1990) relação de cultura e cidade não se faz apenas num processo de viajante naturalista, mas também como um processo de pesquisador diante da investigação do desconhecido e limites que a natureza e a sociedade nos impõem.

A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA

A partir dessa visão entre cultura e cidade, faz-se possível perceber a relação de um olhar investigativo através do que está conhecendo ou visitando, sendo assim percebe-se a importância de obter a capacidade de um olhar que remete a percepção das imagens e suas características precisas e imediatas. A cultura se detém através das experiências adquiridas num processo de conhecimentos estéticos, culturais e artísticos.

DIFERENTES OLHARES SOBRE A CIDADE

A cidade onde vivemos, tem muito a nos ensinar se estivermos atentos, ela é um campo amplo de investigação, de educação, mesmo quando esta não seja uma “cidade educadora”, ou seja, que não possua os equipamentos culturais formais, como Museus, cinemas, teatros etc.
A realidade que temos a arquitetura da cidade, disponível ao olhar de todos, basta perceber, dar-se conta e experimentar espaços diversos, ver coisas diferentes, ver diferente qualificando nosso olhar. É necessária uma contemplação ativa exercitando os sentidos que por vezes se acomodam e se gastam com a correria do dia a dia, possibilitando termos no cotidiano experiências estéticas diversas, que levam a uma reflexão, questionando criticamente e conscientemente a sociedade, o mundo e a nós mesmos.
Reconhecer a cidade como espaço de experiências estéticas não diminui a importância de espaços culturais formais, é imprescindível rever a política de acesso, também educação dos sentidos desde a infância, tendo em vista que a formação cultural acontece na cidade, nos espaços culturais formais , escolas e ainda na relação, interação com o outro.
Durante muito tempo fomos levados a crer que a arte era para alguns poucos privilegiados, que a compreensão e o conhecimento sobre a mesma era algo inatingível, distanciando-nos de todo tipo de experiências ligadas a arte, contudo hoje podemos ter diferentes experiências estéticas , a qual é um processo de produção de conhecimento deixando-nos sedentos , ansiosos por descobrir mais sobre aquilo que contemplamos, ampliando assim o repertório cultural e o conhecimento sobre Arte .
Constantemente ver e rever o mundo, mudar as lentes, ver além do que se vê, desconstruir as imagens cotidianas, em uma busca constante de mudar e mudar mais uma vez para que desta forma o conhecimento se amplie e a sociedade se torne respeitosa com as diferenças, tendo cada indivíduo sua liberdade de criar e recriar partindo de suas experiências saboreadas,sentidas , vivendo com autonomia e pensamento crítico diante da realidade e das imposições que a mídia e outros meios nos apresentam como verdades.